O Laboratório de Imagens e Sinais (LAIS) do Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveu um software que auxiliará médicos na classificação dos tipos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), isquêmico ou hemorrágico. O AVC isquêmico ocorre quando há o bloqueio de uma artéria, impedindo que o sangue chegue até o cérebro. E o hemorrágico ocorre quando há ruptura de um vaso intracraniano.
A plataforma denominada “SDAC-AVC”, que significa Sistema de Diagnóstico Assistido por Computador – Acidente Vascular Cerebral, é capaz classificar o tipo analisando as imagens da tomografia e utilizando inteligência artificial associada à aprendizagem de máquinas. No estudo, ainda em andamento, de validação do software, foram analisados casos de 400 pacientes que resultaram em cerca de 16 mil amostras de imagens. O nível de precisão dos casos estudados foi de 96%, índice que pode aumentar com a inserção de novos pacientes no estudo.
A equipe envolvida no projeto ressalta que o diagnóstico final sempre será dado pelo médico, mas o software vai ajudar principalmente os profissionais plantonistas que recebem casos de AVC. “Muitas vezes o caso de AVC chega para um plantonista que não é neurologista, o que dificulta um diagnóstico preciso. A plataforma vai auxiliar o médico, em caso de identificado o AVC, para que o tratamento seja iniciado dentro do tempo necessário para reversão do caso”, destacou o professor Robson Pequeno, coordenador do projeto e do Laboratório de Imagens e Sinais do Nutes.
O neurocirurgião Luis Fernando Reis, pesquisador do Laboratório e integrante do projeto, ressaltou que o atendimento adequado para os casos de AVC deve ser feito dentro de um período de no máximo de quatro horas e meia. “O tempo para intervenção é muito curto. Passado esse período, o paciente pode ficar com sequelas que chegam ao estado vegetativo, comprometendo a qualidade de vida. O software vai auxiliar os médicos que não são especialistas a identificar o tipo de AVC e iniciar o tratamento imediatamente”, acrescentou apontando que o AVC é a segunda causa de morte no Brasil.
Luis Fernando ainda destacou que o software vai ajudar principalmente a realidade dos hospitais instalados em cidades de menor porte, que em alguns casos sequer dispõe de um neurologista em seus quadros. “A plataforma vai dar um grande suporte na linha frente que muitas vezes é formada por clínicos gerais. Casos mais graves são encaminhados para centros maiores. E no caso de AVC não dispomos de um tempo para isso. Essa tecnologia vai impactar diretamente na vida do cidadão, mas também podemos destacar redução de custos para o sistema de saúde”, disse.
Além do professor Robson Pequeno e do neurocirurgião Luis Fernando Reis, a equipe desenvolvedora do software é formada pelo analista de Tecnologia de Informação (TI) do Nutes, Israel Almeida; Aleksandro da Costa Fabrício, pesquisador do Nutes; e José Alberto Souza Paulino, pesquisador do LAIS. A plataforma já está sendo usada em fase de testes em hospitais parceiros para que sejam feitos ajustes sugeridos pelos usuários médicos, para que assim possa seguir para registro da patente.